O Quê é Atividade
de Inteligência e Quais as Vantagens do Concurso ABIN Dentre os Demais
Concursos Abertos?
“Nações, organizações e pessoas têm
interesses e motivações que variam de acordo com sua evolução e circunstâncias”.
Marcelo de Montalvão em Inteligência & Indústria -
Espionagem e Contraespionagem Corporativa
O
Edital
do concurso ABIN publicado em 3 de janeiro de 2018 - retificado no dia 8 do
mesmo mês e ano - causou expectativa para profissionais de Inteligência e
concurseiros de maneira geral, principalmente porque abriu 220 vagas para o
cargo de Oficial de Inteligência.
Oficial de Inteligência, o 007 brasileiro
O
cargo de Oficial de Inteligência é a
função mais destacada da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), porque responsável
pelo planejamento, execução, coordenação, supervisionamento e controle da
produção de conhecimentos de inteligência; pelas ações de salvaguarda de
assuntos sensíveis; pelas operações de inteligência; pelas atividades de
pesquisa e desenvolvimento científico ou tecnológico para a obtenção de dados e
informações, análise e segurança da informação; desenvolvimento de recursos
humanos para a atividade de inteligência; além de desenvolver e operar
máquinas, veículos, aparelhos, dispositivos, instrumentos, equipamentos e
sistemas necessários à atividade de inteligência.
É
o “007 brasileiro”, um espião a serviço do governo do Brasil.
Quais os assuntos deste post sobre o
concurso ABIN?
1-
Por quê o concurso ABIN é concurso público promissor dentre os
concursos abertos
2-
Qual o perfil do profissional de Inteligência da ABIN, o “007”
brasileiro?
Este artigo é para concurseiros ambiciosos, pessoas com
personalidade forte e perfil estratégico que pretendem ser empossados no cargo
de Oficial de Inteligência, para trabalhar em uma das capitais do País ou mesmo
embaixadas do Brasil no exterior.
O
que é a ABIN, Agência Brasileira de Inteligência?
Primeiramente,
antes de entrarmos no campo de estudo da Atividade
de Inteligência e falar sobre o concurso ABIN, devemos saber o que é, qual
a definição ou conceito de Atividade de
Inteligência e o que faz a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN).
A
Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) é remanescente o extinto Serviço Nacional
de Informações (SNI), famoso na época da ditadura militar.
Com
a Lei
9.883/1999, que “Institui o
Sistema Brasileiro de Inteligência, cria a Agência Brasileira de Inteligência -
ABIN, e dá outras providências”, a Agência Brasileira de Inteligência
(ABIN) passa a ser o órgão central do Sistema Brasileiro de Inteligência
(SISBIN), composto por dezenas de órgãos de governo para obter informações e
realizar o monitoramento de pessoas e organização, no Brasil e no mundo.
Dentre
os órgãos do SISBIN que considero mais importantes, além da própria ABIN, seu
órgão central, destaco a Diretoria de Inteligência Policial do Departamento de
Polícia Federal (DPF), o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da
Presidência da República, o Banco Central do Brasil (Bacen) e o Conselho de
Controle de Atividades Financeiras (COAF) do Ministério da Fazenda.
A
própria ABIN informa em seu website que é “órgão
da Presidência da República, vinculado ao Gabinete de Segurança Institucional,
responsável por fornecer ao presidente da República e a seus ministros
informações e análises estratégicas, oportunas e confiáveis, necessárias ao
processo de decisão. Na condição de órgão central de um sistema que reúne 38
integrantes – o Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) –, a ABIN tem por
missão assegurar que o Executivo Federal tenha acesso a conhecimentos relativos
à segurança do Estado e da sociedade, como os que envolvem defesa externa, relações
exteriores, segurança interna, desenvolvimento socioeconômico e desenvolvimento
científico-tecnológico”.
A
ABIN descreve sua Atividade de
Inteligência como uma “missão
institucional” e que seus profissionais de Inteligência “produzem conhecimentos estratégicos por meio
da análise de fatos, eventos ou situações que permitam a identificação de
oportunidades e ameaças relacionadas à proteção das fronteiras nacionais, à
segurança de infraestruturas críticas, à contraespionagem, ao terrorismo, à
proliferação de armas de destruição de massa, a políticas estabelecidas com
outros países ou regiões, à segurança das informações e das comunicações, à
defesa do meio ambiente, à proteção de conhecimentos sensíveis produzidos por
entes públicos ou privados, entre outros assuntos. A ABIN constitui-se em órgão
de Estado permanente, apartidário e apolítico, com atuação nacional e
representações no exterior. A Agência foi criada pela lei 9.883, de 7 de
dezembro de 1999, e, condizente com suas atribuições legais e sua missão
institucional, não é responsável pela condução de investigações criminais”.
Atividade de Inteligência, uma das mais antigas
profissões
Segundo
este autor em seu livro, “Os conceitos básicos e as premissas da Atividade de Inteligência não mudaram
muito desde o capítulo O emprego de espiões do livro A Arte da Guerra do general Sun Tzu
(Século V a.C.), apenas evoluindo na contemporaneidade para o mundo dos
negócios na parte A necessidade de um sistema de inteligência sobre o concorrente
de a Estratégia Competitiva - Técnicas
para Análise de Indústrias e da
Concorrência do renomado professor da Harvard Business School, Michael
Porter (1980). Destacamos esses capítulos dessas fabulosas obras porque os
consideramos a pedra-chave para o estudo da Inteligência militar e econômica” (Inteligência & Indústria -
Espionagem e Contraespionagem Corporativa, Apresentação).
“A
Atividade de Inteligência não deve
ser confundida com políticas de Estado ou políticas de governo ou com a
estratégia. Atividade de Inteligência são ações táticas e operacionais de
acesso à Informação estratégica e salvaguarda de informações sensíveis que
servirão para elaboração ou execução de um plano estratégico ou simples tomada
de decisões” (ibidem).
Portanto,
desde que o mundo é mundo, pessoas e organizações espionam, bisbilhotam ou,
para usar um termo menos grosseiro ou mais eufemístico, realizam Atividade de Inteligência, que nada mais
é que descobrir o que fazem e qual a intenção de pessoas e organizações, quer
para aproveitar oportunidades quer para detectar ameaças a um Estado ou
organização.
Em
regra, praticamos Atividade de
Inteligência. Os inimigos praticam espionagem.
Para
evitar a Atividade de Inteligência ou
espionagem alheia contra nós, realizamos a chamada Contrainteligência ou Contraespionagem, que o Edital do concurso
ABIN chamou de “ações de salvaguarda de
assuntos sensíveis” e a lei chama de segurança da informação.
Mas
essa Atividade de Inteligência é externa,
ou seja, acerca das ameaças externas, estrangeiras. Para explicar melhor, a
ABIN, Agência Brasileira de Inteligência cuida da chamada “Inteligência
estrangeira”, ou seja, da Inteligência no exterior, da espionagem internacional
e ameaças externas, enquanto que a Polícia Federal cuida da “Inteligência
doméstica”, das ameaças internas.
Da
mesma forma que a CIA, a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos da
América cuida da segurança nacional contra a ameaça estrangeira e o FBI, o
Escritório Federal de Investigações ou polícia federal dos EUA cuida das
ameaças internas. Como os países não têm soberania sobre outros Estados
nacionais, não podendo realizar prisões - como a polícia federal o faz contra
pessoas e líderes de organizações que ameaçam a soberania nacional - sem
ofender a soberania de outros Estados ou causar incidentes diplomaticos, a Atividade de Inteligência externa da
ABIN tem grau de importância maior porque sob o aspecto da prevenção, caraterística
principal da Atividade de Inteligência.
E
a Atividade de Inteligência da ABIN é a Inteligência de Estado, a espionagem
governamental. Ela guarda correlação, mas, não tem muito a ver com a
Inteligência privada, assunto do artigo 7
Filmes Sobre Inteligência Privada e Espionagem Industrial - Alerta de Spoiler.
Curiosidades sobre a
ABIN e CIA
CIA versus ABIN: Em 2013, o Analista
008997 foi exonerado pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) porque
havia traído o governo do País ao acessar e vender informações estratégicas da
própria ABIN para um agente da CIA, a Agência Central de Inteligência dos
Estados Unidos da América, que operava disfarçado de diplomata na embaixada dos
EUA em Brasília – DF. O traidor se aposentou e respondeu processo pelo crime de
violação de sigilo funcional cuja pena é de 2 a 6 anos de reclusão. A lei do
Brasil permite a substituição da pena de prisão nesses casos por “medida
sócio-educativa”. Nos EUA, esse comportamento resultaria ou prisão
por 35 anos ou prisão
perpétua do agente secreto.
LSD na bebida do inimigo: Em 1953, durante
a Guerra Fria, um agente secreto traidor teria morte certa em “acidente” ou
“suicídio”, como Frank Olson, cientista de armas biológicas que supostamente
cometeu suicídio, mas, provavelmente foi assassinado por sua insatisfação como
cobaia involuntário do Projeto
MKULTRA da CIA de controle da mente e uso de psicotrópicos para tortura e
coleta de informações.
ABIN e Polícia Federal, parceria atrapalhada: Em 2015, o Supremo Tribunal Federal (STF) encerrou o assunto
ao rejeitar recurso da Procuradoria-Geral da República e manter a decisão do
Superior Tribunal de Justiça (STJ) que havia anulado todo o inquérito e provas produzidas
pela Polícia Federal na Operação
Satiagraha de 2004, em que o então responsável, o obstinado
Delegado Protógenes Queiroz, pediu ajuda da ABIN, a Agência Brasileira de
Inteligência para investigar corrupção, “lavagem”
de dinheiro e evasão de divisas praticadas pelo banqueiro Daniel Dantas, controlador
do Banco Opportunity, que por sua vez era controlador da Brasil Telecom (BrT), do
Citigroup (EUA), fundos de pensão do Brasil e outros acionistas investidores
para a aquisição de companhias estatais de telecomunicações durante o processo
de privatização. Havia forte disputa societária entre o controlador Opportunity
e os demais acionistas.
Sobre
o concurso ABIN 2018
O
último concurso ABIN foi em 2010 e exclusivamente para preechimento de 80 vagas
de oficial técnico de Inteligência e agente técnico de Inteligência. 49.275
candidatos disputaram essas 80 vagas, ou seja, foram 615 candidatos por vaga.
Antes
disso, o concurso ABIN de 2008 preencheu 190 vagas, 160 delas para o cargo de
Oficial de Inteligência.
O
concurso ABIN atual (2018) chamou a atenção porque abriu 220 vagas para o cargo
de Oficial de Inteligência, justamente em um período de crise orçamentária.
Parece
que o pessoal do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI) se aposentou!...
Além
do salário inicial de mais de R$ 16 mil, a principal vantagem do Oficial
de Inteligência perante os demais carreiras técnicas é a de trabalhar em
qualquer Estado da Federação. Seus colegas técnicos ficarão lotadas somente em
Brasília – DF.
Daí
o destaque do concurso ABIN de 2018, a quantidade de vagas na carreira de Oficial
de Inteligência.
O
concurso ABIN exige de todos os candidatos conhecimento da Língua Portuguesa, da
Atividade de Inteligência e
Legislação Correlata, Direito Constitucional, Direito Administrativo, Língua
Inglesa, Língua Espanhola e Raciocínio Lógico.
Para
conseguir aprovação no concurso ABIN, o principal é saber falar e escrever um
Português escorreito. Dica, jamais se refira a Língua Portuguesa como
“português”. Não confunda o Português, o idioma oficial do Brasil, com o
cidadão nascido em Portugal, erro comum entre jornalistas, advogados e outros
profissionais que vivem da escrita.
O
profissional de Inteligência deve dominar assuntos gerais sobre economia e política,
Direito Constitucional e Administrativo, o candidato deve ser bilíngue ou trilíngue,
não sendo classificatório, mas, o conhecimento de Chinês Mandarim ou Árabe,
dentro do atual contexto internacional, pode ajudar o candidato especialmente
na terceira etapa. Explico mais adiante.
O
candidato deve se inteirar acerca da ABIN e da Atividade de Inteligência.
Se
deixar para estudar e aprender sobre a Atividade
de Inteligência somente após sua aprovação na primeira e segunda etapas do
concurso ABIN, pode “tomar pau” na terceira etapa, de caráter eliminatório e
classificatório, que consiste em realizar o Curso de Formação em Inteligência
(CFI) na Escola de Inteligência (ESINT) da ABIN em Brasília - DF.
Não
deve ser boa a sensação de, após aprovado nas primeira e segunda etapa, e após
realizar o Curso de Formação em Inteligência (CFI) na Escola de Inteligência
(ESINT) da ABIN, o candidato ser aprovado em péssima colocação, não podendo
escolher a unidade da federação onde ficará lotado - vai trabalhar no
“fim-do-mundo” -, ou o que é pior: Não ser aprovado na terceira etapa do
concurso ABIN, não passar no Curso de Formação em Inteligência (CFI).
Seria
como “morrer na praia”...
Mas,
além do salário e vantagens descritas no Edital, o concurso ABIN tem outra
vantagem da carreira do do Oficial de Inteligência que vou revelar (que não foi
nem poderia ser revelada no Edital do concurso ABIN). Essa vantagem é de
interesse particularmente dos concurseiros do Instituto Rio Branco,
da carreira de Diplomata: A chance de trabalhar no exterior.
Muitos oficiais de Inteligência
contemporâneos estão lotados em embaixadas do mundo todo disfarçados de secretários
de Embaixada ou pessoal do “corpo técnico” (Inteligência & Indústria -
Espionagem e Contraespionagem Corporativa, Capítulo 03 História
da Inteligência).
O
próprio filósofo Nicolau Maquiavel, pai da Filosofia Política, foi Secretário
da embaixada da cidade-Estado de Florença, no século XVI d.C. Como não pertencia
a nobreza, Maquiavel não podia ocupar o cargo de Embaixador. Era um
profissional da Inteligência estrangeira, um espião (para o autor, Maquiavel
foi o maior espião da História). Isso fica claro pela seu cargo, funções,
informações e a qualidade de seus relatórios.
Em
seu Epistolario (1512-1527), Maquiavel dá conselhos ao amigo Rafael Girolami
que foi nomeado Embaixador da cidade-estado de Florença na Espanha junto ao rei
Carlos de Habsburgo (Carlos I), com recomendações sobre comportamento social,
conteúdo, forma e estilo dos relatórios de informação que reproduzimos pequeno
trecho:
“[...] Mais precisamente, digo que deverás
observar o caráter do homem; se governa ou se deixa governar; se é avarento,
liberal, se ama a guerra ou a paz; se lhe interessa a glória ou tem outra
paixão; se é amado pelo seu povo; se lhe agrada viver mais na Espanha do que em
Flandres; quais as pessoas que o rodeiam e aconselham e quais as suas
inclinações; isto é, se o levam a tentar a sorte em novas ações ou lhe
aconselham a se contentar com o que já tem; que domínio exercem sobre ele; se
são sempre as mesmas pessoas ou se mudam; se o príncipe tem amigos entre os
conselheiros do rei da França e se eles são corruptíveis. [...] São essas
coisas que, bem consideradas e bem expostas, dar-te-ão um elevado conceito. E
não te limites a reportá-las somente uma vez, mas convém repeti-las a cada dois
ou três meses, com habilidade, sempre agregando algumas novidades para que a
repetição pareça prudente e necessária, e não uma falsa sabedoria” (RIBEIRO,
Embaixador Guilherme Luiz Leite; Os Bastidores da Diplomacia: O Bife de Zinco
e outras histórias – Nova Fronteira pág. 21 - 2007).
Em
outras palavras, se você sonha em trabalhar no exterior e não foi aprovado no
concurso do Instituto Rio Branco, para trabalhar no Ministério das Relações
Exteriores como Diplomata em missões no estrangeiro, o concurso ABIN é um
opção, oportunidade a ser analisada. O Embaixador será seu chefe no exterior,
além do Diretor de operações de Inteligência, claro.
Trabalhar
no exterior com um emprego estável no governo é um sonho para muita gente! O
máximo da sofisticação, status e
reconhecimento. Claro que sua aprovação no concurso ABIN e posse no cargo de
Oficial de Inteligência não garante que você trabalhará na cidade dos seus
sonhos no Brasil, muito menos no exterior. Mas a chance existe!
Lembra
da vantagem que mencionei dos candidatos que, além do Inglês, dominam o idioma
Árabe ou Chinês Mandarim? São assuntos secretos que não poderiam constar do
Edital...
Depois,
com a experiência e rede-de-relacionamentos de anos de vivência na Atividade de Inteligência no exterior você
poderá abrir sua própria firma de consultoria internacional, assunto para outro
post.
Do
profissional de Inteligência ideal da ABIN
Esqueça
os filmes de espionagem sobre a Guerra Fria, o choque ideológico entre o
império anglo-estadunidense liderado pelos Estado Unidos da América (EUA) e seu
sistema capitalista e o império russo autodenominado União das Repúblicas
Soviéticas Socialistas (URSS) e seu comunismo, um capitalismo não-liberal
porque sem propriedade privada e orientado direta e exclusivamente pelo Estado.
O
profissional de Inteligência da contemporaneidade sabe que o império russo
implodiu em 1989, prevaleceu no mundo todo um só sistema econômico capitalista
– até a China comunista só sobreviveu e se desenvolveu por causa das suas “Zonas
Econômicas Especiais” – e agora a guerra não é exclusivamente entre Estados
nacionais para imposição de modelos mentais ou doutrinas políticas e
econômicas, mas, entre corporações e grupos econômicos.
O
próprio ex-Agente da CIA Edward Snowden revelou ao mundo, por meio do
jornalista Glenn Greenwald e seu livro Sem
Lugar Para Se Esconder - Edward Snowden, A NSA e A Espionagem do Governo
Americano, que existe uma aliança entre os 5 países de língua inglesa mais
ricos do mundo, EUA, Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, formam um
bloco chamado “FIVE-EYES”, com o objetivo de realizar espionagem em massa das
populações e compartilhar dados e informações.
O
Analista da CIA Edward
Snowden traiu segredos de Estado e denunciou o que chamou de “espionagem em
massa” praticada pelos Estados Unidos da América e demais países do bloco
“FIVE-EYES”
Edward
Snowden e Glenn Greenwald alertam que a segurança e a “caça ao terrorismo” são
apenas disfarces para uma sofisticada ação de coleta de segredos industriais,
deixando clara a importância da questão econômica para os assuntos de Estado.
Nesse
sentido, quem tem perfil inovador ou empreendedor pode se destacar como Oficial
de Inteligência especializado em Inteligência
Competitiva (IC), a parte da Inteligência que cuida especificamente de
questões econômicas e da espionagem industrial. Apesar de destacarmos Michael
Porter como o pai da Inteligência Competitiva, foi Allan Pinkerton que inovou
com a aplicação do serviço secreto às indústrias em capitalismo incipiente da
metade do século XIX.
São
estudos sobre marcas, patentes de invenção, modelos de utilidade, programas de
computador (softwares), cultivares,
“cepas”, métodos, enfim, tudo que pode ser produzido pelo ser-humano e é capaz
de transformar indústrias, aumentar ganhos em escala impressionante e gerar
riquezas para uns e desestabilizar a economia de outros, logo, informação
estratégica que pode gerar cobiça primeiramente acerca de sua existência e,
depois, sua conquista ou exploração pioneira. Exemplos: Óleo do pré-sal,
energia solar, smartbikes movidas a energia elétrica e munidas de Internet das
Coisas (IoT) etc. (Vide Inteligência & Indústria -
Espionagem e Contraespionagem Corporativa, Capítulo 26 Caravelas, tear mecânico, iPhone e outras inovações surpreendentes).
Perfil técnico, Conceito profissional
O
profissional de Inteligência, principalmente o Oficial de Inteligência, o “007
brasileiro”, deve ter bom Conceito profissional, a capacidade
técnica necessária para analisar o tempo e o ambiente em que se encontra, do
ponto de vista mundial, regional e local, bem como ter capacidade de
aprendizado das coisas porque o mundo muda, as coisas mudam.
O
perfil ideal do profissional de Inteligência é a pessoa inteligente, com
coragem e sagacidade mental, ou seja, com inteligência acima da média testada
em circunstâncias adversas, não inteligentes que demoram para pensar como
profissionais de “gabinete” ou “bitolados”, aqueles com boa formação, porém,
que recusam aprender algo novo. Sem conhecimento das tecnologias atuais, melhor
desistir da carreira de Inteligência de Estado.
Mas
tem que ter inteligência emocional ou ao menos ser capaz de gerar empatia, ser
comunicativo, simpático e gostar de trabalhar em grupo. Pessoas tímidas, que se
isolam ou se acham mais produtivas em trabalho “solo”, ou o que é pior, que não
conseguem fazer amizade e contato com fontes de informação privilegiada, os
chamados “nerds”, que lidam ferozmente com máquinas mas que não convencem uma
garota a lhe contar um segredo, na minha modesta opinião não servem como
profissionais de Inteligência.
Fator
importante é o domínio de um ou mais idiomas estrangeiros, preferentemente o
Inglês fluente. Não saiu no Edital do concurso ABIN nem em sua retificação do
dia 8 de janeiro de 2018, mas, o domínio do Chinês Mandarim ou Árabe pode classificar
o candidato com mesma pontuação dos demais, probabilidade que existe
especialmente depois de a retificação do Edital do concurso ABIN chamar a
atenção para
Geopolítica mundial, matrizes energéticas e
suas repercussões internacionais; Política e segurança pública, Política
Nacional de Defesa, Estratégia Nacional de Defesa e o Livro Branco de Defesa
Nacional; Direito Penal, crime organizado; Direito Administrativo, Decreto nº
6.170/2007, Portaria Interministerial CGU/MF/MP nº 424/2016 e suas alterações;
Direito Penal, tráfico ilícito e uso indevido de substâncias entorpecentes,
crime organizado, “lavagem” de dinheiro
ou ocultação de bens, direitos e valores – esse um dos principais serviços
de Inteligência privada da Montax
Inteligência -, abuso de autoridade, estatuto do desarmamento, crime de
interceptação telefônica, crimes de terrorismo, crimes contra a segurança
nacional, crimes de fraude à licitação; Direito Processual Penal.
Se
a intenção é coletar dados e informações acerca de oportunidades ou ameaças no
exterior, muitas delas de fontes abertas como a Internet e imprensa
estrangeira, a não ser que essa ameaça venha de Portugal, Moçambique ou Angola
as informações só serão coletadas e analisadas “em primeira mão” por agentes
com conhecimento da língua falada no local de origem da informação acerca da
oportunidade ou ameaça.
Pena
que o concurso ABIN, mesmo com tantas provas e curso de formação e testes
psicológicos, pode não ser eficaz na contratação e recrutar, a soldo do Tesouro
Nacional, enfim, do contribuinte brasileiro, profissionais de Inteligência
“burros” que não produzem Conhecimento de Inteligência (MEDEIROS, Francisco
José Fonseca de; Os Sentidos do Lobo – Os Segredos da Inteligência Competitiva).
Perfil político ou ideológico e Conceito moral
O
profissional ideal da ABIN é aquele cidadão do Brasi que, independentemente de
sua ideologia econômica ou política, se liberal ou estatista, de direita ou
esquerda, ou social-democrata ou “centro” (em-cima-do-muro), deve coletar
informações acerca de eventuais ameaças externas à soberania do País, se de
onde vier a ameaça e contra quem for.
O
Oficial de Inteligência deve proteger a soberania nacional, não importa se as
ameaças forem correntes políticas liberais ou neoliberais dos EUA ou
megaespeculadores do Reino Unido ou grupos econômicos investidores da China
comunista, enfim, se as ameaças forem econômicas ou politicas, ameaças reais
(guerra) ou ideológicas, de mudança do modelo mental ou de religião proibida
(como no caso de seitas satânicas que sacrificam crianças ou seitas canibais,
como a Cartel
do Brasil (2012) e a do policial
de Nova York Gilberto Valle (2013).
E
também não importa se o Oficial de Inteligência está descontente com o governo
atual ou se ficou magoado com a preterição em cargo de confiança ou de direção.
O
Oficial de Inteligência deve ser um nacionalista que entende que os interesses
do Povo estão acima dos interesses dos políticos do governo da situação, mas,
eles são os líderes ocasionais da nação. E a mudança de governo ou de regime,
sempre visto como uma vulnerabilidade ou oportunidade a ser explorada por
potências adversárias, não pode servir de pretexto para interesses pessoais.
O
serviço público é um serviço dedicado ao Povo, inclusive aos seus líderes.
Daí
o Conceito
moral, honestidade e forte senso de patriotismo e disciplina que devem
permear o espírito do profissional de Inteligência.
Não é um trabalho simples, tem que ter vocação. Acredito que menos de 50% dos aprovados no concurso ABIN tenham vocação para o trabalho de Inteligência. A outra metade eram apenas de concurseiros em busca de emprego público, de uma carreira estável. ABIN deve transformar esses meros concurseiros que decoraram bem a matéria em verdadeiros profissionais de Inteligência.
Sobre a questão lealdade patriótica versus capacidade de confraternizar com o adversário, o que é típico do bom profissional de Inteligência – como o é de muitos Diplomatas, que inclusive são louvados por isso -, peço licença ao leitor para transcrever um parágrafo do Capítulo XIII intitulado O emprego de espiões de A Arte da Guerra de autoria do general Sun Tzu (século V a.C.), ao tratar dos evidentemente, da Inteligência Militar, porque o escravismo e a espoliação de guerra pura e simplesmente era o sistema econômico da época, e falar especificamente sobre um tipo de profissional de Inteligência que ele chamou de espião sobrevivente:, e que apesar da antiguidade revelam características exigidas aos profissionais de Inteligência, mas, que, por lei, não serão realizadas no Edital do concurso ABIN:
Sobre a questão lealdade patriótica versus capacidade de confraternizar com o adversário, o que é típico do bom profissional de Inteligência – como o é de muitos Diplomatas, que inclusive são louvados por isso -, peço licença ao leitor para transcrever um parágrafo do Capítulo XIII intitulado O emprego de espiões de A Arte da Guerra de autoria do general Sun Tzu (século V a.C.), ao tratar dos evidentemente, da Inteligência Militar, porque o escravismo e a espoliação de guerra pura e simplesmente era o sistema econômico da época, e falar especificamente sobre um tipo de profissional de Inteligência que ele chamou de espião sobrevivente:, e que apesar da antiguidade revelam características exigidas aos profissionais de Inteligência, mas, que, por lei, não serão realizadas no Edital do concurso ABIN:
“Espiões sobreviventes são os que
trazem notícias do acampamento inimigo. Esta é uma espécie comum de espiões,
que devem constituir parte regular do exército. Seu espião sobrevivente deve
ser um indivíduo de grande sagacidade, embora no aspecto pareça bobo;
externamente desprezível, mas, com uma vontade de ferro. Deve ser ágil,
robusto, dotado de força física e coragem, inteiramente acostumado a toda espécie
de trabalho sujo, capaz de suportar fome, frio e conspirar com a vergonha e a
ignomínia” (Inteligência & Indústria -
Espionagem e Contraespionagem Corporativa, Capítulo 02 Sun
Tzu, o pai da espionagem).
SOBRE O AUTOR
Marcelo de Montalvão é diretor da Montax Inteligência,
empresa que auxilia diretores jurídicos & compliance em due diligences investigativas, busca de
ativos e investigações corporativas.
Autor do livro “Inteligência & Indústria –
Espionagem e Contraespionagem Corporativa” e vários artigos sobre Inteligência
Militar, Inteligência Empresarial, Compliance e Segurança
corporativa.
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