Agências de publicidade serão investigadas nos EUA.
Grandes anunciantes dos Estados Unidos contrataram investigadores especializados em detectar fraudes para averiguar as práticas de
agências de mídia.
A investigação tratará especialmente do
"comportamento não transparente" relacionado apagamentos de compensação, escambos, busca de
remuneração diferenciada por meio de informações privilegiadas, ofertas
acessíveis apenas a agências e não aos anunciantes, práticas escusas de gestão
de estoque, transações mundiais e gestão da cadeia de suprimento de mídia.
A Associação Nacional dos Anunciantes dos
Estados Unidos (ANA), cujos membros respondem coletivamente por mais de US$ 250
bilhões em investimentos de publicidade e marketing, anunciou
nesta terça-feira (20) que havia selecionado duas companhias para conduzir uma
investigação ampla sobre a cadeia de suprimentos do setor de compra de mídia.
Esse mercado mundial é dominado por seis grandes holdings publicitárias: WPP,
Omnicom, Publicis, IPG, Dentsu Aegis e Havas.
Uma das empresas selecionadas pela ANA é a K2
Intelligence, consultoria de investigação empresarial criada em 2009 por Jeremy
e Jules Kroll, e que conta com antigos agentes do FBI (Serviço Federal de
Investigações americano) entre seus funcionários. A outra é a Firm Decisions,
grupo de auditoria de mídia que é parte da Ebiquity, uma empresa com ações
cotadas na bolsa Aim.
Os anunciantes americanos estão cada vez
mais preocupados com a possibilidade de que agências de publicidade estejam
faturando com seus investimentos em espaço e tempo comercial de maneiras que
não são transparentes, por exempl,o ao receber bonificações por volume em valor
desconhecido das companhias de mídia.
Todas as holdings de publicidade negaram
qualquer impropriedade. John Wren, presidente-executivo da Omnicom, disse que
recebia positivamente uma apuração mais intensa do setor publicitário e acrescentou
que "um cumprimento rigoroso dos contratos" era "fundamental
para a confiança essencial entre cliente e agência, que serve de fundação ao
nosso setor".
Bob Liodice, presidente da ANA, disse que
a organização setorial, com integrantes como a Procter & Gamble e a
Unilever, selecionou as duas empresas depois de estudar um total de 26
candidatos. "Cada uma delas traz perspectiva única e um conjunto de
capacidades e recursos poderosos", ele afirmou.
O objetivo da ANA é
"desmistificar" o mercado de compra de mídia e "oferecer
perspectiva que esclareça a questão da transparência".
Tom Denford, presidente-executivo da ID
Comms, uma consultoria de mídia, disse que existia o risco de que as agências
optassem por não colaborar com a investigação da ANA. Mas alertou que
"caso a comunidade das agências se recuse a participar, isso em si enviará
aos anunciantes a mensagem de que o modelo atual de agência não serve aos seus
propósitos".
A ANA afirmou que seu foco quanto à
transparência da mídia surgiu três anos atrás quando "bonificações não
reveladas da parte da mídia foram descobertas". No começo de 2014, uma
pesquisa entre membros da ANA indicou que a preocupação quanto a diversas
práticas não transparentes das agências estava crescendo, da parte dos
anunciantes.
Em abril, Brian Wieser, da Pivotal
Research, rebaixou a recomendação das ações de três holdings publicitárias
—WPP, Omnicom e Publicis— para "venda", como resultado das
preocupações cada vez mais intensas entre os anunciantes americanos de que podem
estar sendo iludidos por suas agências.
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