quinta-feira, 5 de junho de 2014

INTELIGÊNCIA COMPETITIVA - ENFOQUE NOS ATIVOS INTANGÍVEIS



Os EUA foram pioneiros ao adotar a atividade de maneira formal com boa aceitação por parte de grandes empresas.

O Brasil apresentou um crescimento substancial no depósito de pedidos de patentes no período de 2000 a 2012. Foram 20.639 pedidos depositados em 2000 contra 33.395 pedidos em 2012, segundo o INPI. Apesar do aumento superior a 60% no volume de depósitos, com ênfase para os pedidos depositados via PCT (do inglês, Patent Cooperation Treaty – Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes), poucas empresas nacionais, bem como algumas subsidiárias brasileiras de multinacionais, já iniciaram o avanço do modelo baseado em volume, postulado pela máxima de "quanto mais pedidos de patente melhor", para um modelo com o tratamento inteligente de informações relativas aos ativos intangíveis e, é claro, dos concorrentes.

Embora o estudo de Michael Porter publicado na década de 80 seja considerado um marco importante na área de Inteligência Competitiva, estima-se que alguns estudos publicados décadas antes do advento de Porter já apontavam para o tema. Os EUA foram pioneiros, tendo adotado a atividade de maneira formal com boa aceitação por parte de grandes empresas e com foco na capacitação de profissionais. Canadá, Reino Unido, Austrália, França, Alemanha e Japão também se destacam pelo desenvolvimento de iniciativas em Inteligência Competitiva ainda na década de 90.

A conexão entre Inteligência Competitiva e Propriedade Intelectual (PI) se estabelece no momento em que elementos de PI, tais como patentes, desenhos industriais e marcas, tornam-se fatores de importância na avaliação dos ativos intangíveis. Multinacionais como Procter & Gamble, L'Oreal e Johnson & Johnson passaram a avaliar seu portfólio de intangíveis através de um olhar mais competitivo. Estudos detalhados e complexos têm sido realizados, especificamente para patentes e desenhos industriais. Grandes corporações criaram departamentos dedicados ao tema, e escritórios especializados surgiram ao longo dos anos.

No Brasil, a questão ainda é pouco explorada. A inclusão do portfólio de patentes na lista de variáveis analisadas em estudos de Inteligência Competitiva é uma realidade presente em poucas empresas. Os estudos são aplicados com um viés comercial, em que fatores como lançamentos de produtos, estratégias de venda, precificação e campanhas promocionais formam boa parte das análises sobre a concorrência.

Felizmente já é possível observar o início de uma tendência mais estratégica na análise de portfólios de PI. Apesar de haver uma quantidade irrisória de profissionais qualificados nesse tipo de análises no país, alguns escritórios especializados já oferecem serviços de análises de portfólio, captura de tendências e estudos de estratégias de inovação de concorrentes através da avaliação de seus portfólios de patentes. Para os especialistas, essa análise pode fornecer respostas que não são obviamente inferidas apenas pelo estudo do comportamento atual de um concorrente. O grande trunfo reside na obtenção de informações de tendências futuras, apostas tecnológicas em frentes de pesquisa e saturação de determinados nichos de mercado.

Também é possível utilizar o conjunto de informações na construção dos planejamentos estratégicos. Se uma determinada empresa deseja ser reconhecida como pioneira em inovação, a mesma deve buscar os gaps tecnológicos observados nos mapas de tendências que podem ser extraídos utilizando-se programas especializados em avaliação de patentes. Outra empresa pode ter como objetivo estar na corrente principal das tendências, acompanhando o desenvolvimento tecnológico dos players globais. E essa informação também é passível de ser obtida pela análise de gráficos que contemplam o portfólio dos concorrentes.

Dentre os possíveis contratempos que podem ser enfrentados, pode-se citar o volume de informações disponíveis. De forma a amenizar esse problema, softwares especializados no tratamento e apresentação gráfica de dados já estão disponíveis e sendo aperfeiçoados. A maioria permite análises de forma rápida e segura. O esforço maior surge da interpretação dos dados obtidos. Essa etapa é crucial e envolve o trabalho conjunto do profissional de PI, do especialista em Inteligência Competitiva e de um profissional qualificado pela empresa para fornecer dados específicos sobre o negócio e auxiliar na interpretação.

Em vista da riqueza de informações que uma análise de portfólio de patentes é capaz de gerar, entende-se (e espera-se) que seja uma tendência natural que empresas brasileiras migrem para este modelo, com o objetivo de se adequar aos modelos considerados como referência, como o americano e de boa parte dos países europeus.

Fonte: http://www.administradores.com.br/noticias/negocios/inteligencia-competitiva-no-brasil/87893/

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