segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Atividade de Inteligência Privada Ameaçada Pelos Principais Clientes, os Bancos




Montax Alerta: Bancos Podem Vir a se Tornar Concorrentes da Indústria da Inteligência Privada

Quais são os sinais de “integração para trás” dos Bancos e porquê esse movimento afetará a indústria da Inteligência 



Serviços jurídicos já são realizados pelos próprios bancos

Pesquisa do site Consultor Jurídico de 2009 revelou que os bancos ainda preferem investir em seus respectivos departamentos jurídicos do que em escritórios de advocacia terceirizados.
Só o Banco do Brasil contava na época com 713 advogados corporativos (internos), enquanto a firma com o maior número de profissionais, o Siqueira Castro Advogados, tinha 454 advogados.
Em 2016, o Banco do Brasil terceirizou um maior volume de demandas judiciais, em uma operação que foi considerada a maior licitação para terceirização de serviços jurídicos da história do Brasil. O maior vencedor foi o escritório Nelson Wilians e Advogados Associados.

Não encontramos pesquisa sobre a atual situação dos serviços jurídicos para bancos no País.
Mas, os serviços jurídicos, sejam consultivos sejam de advocacia de litígio, não são os únicos serviços de consultoria de risco requisitadas - e imprescindíveis - pelos bancos: Empresas de serviços financeiros precisam de Serviços de Inteligência privada para identificação de riscos de negócios, especialmente no varejo, os chamados bureaus de crédito, para operações de crédito de menor valor econômico, no caso Serasa Experian, SPC Brasil e Equifax/Boa Vista.
A Serasa, acrônimo de "Serviços de Assessoria S/A", havia sido foi criada por iniciativa da Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) em 1968. Vários bancos se reuniram para padronizar relatórios de consultoria de risco a partir de formulários cadastrais padronizados para melhor tomada de decisões de crédito. Seu Objeto Social era de prestação de serviços auxiliares para os bancos, como “concepção, organização e execução de um sistema central cadastro; concepção, organização e execução de um sistema central de computação eletrônica de serviços; concepção, organização e execução de um sistema central de entrega de correspondência e coleta de aceites; e elaboração de estudos e planos econômico-financeiros e de organização administrativa”.
Essa empresa criada pelos bancos do País é a maior do segmento inteligência de crédito no varejo do Brasil e tem como principais clientes os próprios bancos.
Em 2003, o Banco do Brasil fazia cerca de 40 milhões de consultas por mês, conforme dados da CPI Serasa...
Em 2007, a Serasa foi comprada pelo grupo irlandês Experian, líder do segmento na Europa.
Inteligência de crédito será novamente realizada pelos próprios bancos
Para não ficar nas mãos de um único fornecedor, 5 dos 6 maiores bancos do País, Banco do Brasil, Itau-Unibanco, Bradesco, Santander e Caixa Econômica Federal, com a aprovação do CADE, criaram, em 2016, aliás o pior ano da pior crise econômica da história do Brasil, outra sociedade anônima (S/A) que substituirá as 3 consultorias de risco no varejo acima mencionadas.

Esses são os 5 bancos brasileiros que decidiram se unir para reinvestir em Inteligência com a criação da Gestora de Inteligência de Crédito S/A para não depender mais da Serasa Experian, empresa atualmente sob controle estrangeiro que havia sido criada justamente pelos bancos brasileiros

A FEBRABAN e esses bancos informaram que a criação desse “bureau” trará "um novo ator a um mercado atualmente bastante concentrado e que ganhará maior competitividade e inovação, contribuindo assim, no médio prazo, para a melhoria do acesso ao crédito e a redução da inadimplência e do superendividamento".
Em realidade, essa empresa competirá com a escocesa Serasa Experian e as brasileiras SPC Brasil, upLexis e Montax Big Data no mercado de consultas rotineiras de verificação de antecedentes e localização de pessoas e bens em negócios e ações judiciais de pequeno valor. E permitirá a entrada de outro player estrangeiro: A estadunidense LexisNexis Risk Solutions FL Inc.

Os brasileiros parecem que não aprendem com os erros... Mais uma vez deixaram estrangeiros entrar no mercado da indústria da Inteligência privada no País... 
E os serviços de Inteligência privada, o que são?
Assim como existem bancos de varejo, atacado e investimentos, existem também várias categorias de serviços de Inteligência compatíveis.
Para negócios de maior valor econômico ou mesmo busca e recuperação de ativos, nos casos de dificuldade dos bancos e seus advogados, internos e externos, na localização de empresas, pessoas e bens para recuperação de ativos, os bancos contam com empresas de Inteligência privada e Investigações corporativas como Pinkerton, Kroll e Montax.

É o serviço secreto, a Atividade de Inteligência aplicada à indústria.

Allan Pinkerton (o primeiro de chapéu côco, à esquerda, com o então presidente dos EUA Abraham Lincoln) praticamente inventou a aplicação do Serviço Secreto, da Atividade de Inteligência à indústria. Os conceitos de segurança corporativa atualmente implementados têm origem em muitas de suas técnicas.

O pioneiro foi Allan Pinkerton (o primeiro de chapéu côco, à esquerda), fundador da “Agência Nacional de Detetives Pinkerton” em 1850 foi nomeado “Major” pelo presidente Abraham Lincoln e o General John A. McClernand durante a Guerra Civil dos EUA (1861-1865). Pioneiro porque inovação ao aplicar técnicas de Inteligência, serviço secreto à indústria. A principal delas era infiltrar agentes em sindicatos. (MONTALVÃO, Marcelo de; Inteligência & Indústria - Espionagem e Contraespionagem Corporativa. Capítulo 27 - Allan Pinkerton e o serviço secreto aplicado à indústria - 2015).
Essas empresas de serviço secreto privado usam know-how militar e tecnologia de ponta em negócios, casos complexos ou cobranças geralmente acima de R$ 5 milhões. Serviços de Inteligência & Investigações custam entre R$ 900,00 e R$ 1.800,00 por Homem-hora (Hh) e são convocados geralmente quando advogados e empresas de inteligência de crédito no varejo não conseguem descobrir toda a verdade acerca de um determinado cliente ou não conseguem realizar a busca de ativos.
Mal comparando, as empresas de Inteligência & Investigações estão para os advogados o que os atiradores-de-elite são para os policiais comuns. Apoiadores especiais. Situações com adversários especializados e altamente motivados ou que contam com profissionais de blindagem patrimonial requerem profissionais com visão e experiência para essas situações mais difíceis, complexas e delicadas.
A Atividade de Inteligência privada para bancos tem enfoque na engenharia reversa da estratégia de blindagem patrimonial, localização pessoal e patrimonial, perícia técnica extrajudicial com foco no patrimônio e atividade econômica, interatividade econômica, social e política dos Atores (pessoas ou organizações), obtenção de provas de propriedade como Certidões de Matrícula (imóveis), Escrituras públicas, Procurações etc.
São ações de suporte às Notícias de crime de estelionato, fraude à execução, “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores, às ações incidentais de desconsideração (normal e inversa) da personalidade jurídica, identificação e integração econômica das chamadas empresas patrimoniais, empresas braço-financeiro e “laranjas” em ações judiciais de cobrança.
O objetivo dos bancos nesses casos é obter vantagem competitiva diante de seus verdadeiros concorrentes, os múltiplos credores (leia-se outros bancos).
Serviços de Inteligência privada são definitivos na busca e recuperação de ativos porque têm experiência militar e utilizam tecnologia semelhante ao Departamento de Polícia Federal (DPF), Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Centro de Inteligência do Exército (CIE) e da própria da Gestora de Inteligência de Crédito S/A.
Serviços de Inteligência privada ameaçados
Se os maiores bancos do País preferem investir em departamentos jurídicos próprios e recentemente decidiram reinvestir em empresa de consultoria de risco para operações no varejo, quando esses mesmos bancos investirão na Inteligência privada?
E se os bancos decidirem fazer isso, quanto pretendem investir?
Essas perguntas são pertinentes se considerarmos que o próximo passo após o funcionamento da Gestora de Inteligência de Crédito S/A será mais investimentos em Inteligência privada interna pelos bancos ou mesmo a criação de uma "Agencia Central de Inteligência Bancária", uma espécie de CIA - ou Abin - dos bancos...
Quando isso acontecer, a indústria da Inteligência sofrerá o mesmo baque que a indústria da consultoria de risco. Se o mercado de Serasa e suas correlatas já estão ameaçadas no Brasil, o mercado da centenária Pinkerton e suas "irmãs" serão ameaçados quando sentirem o peso da concorrência de um de seus principais clientes, os bancos.
Bancos estão realizando o movimento que o Professor de Harvard Michael Porter chamou de "integração para trás", quando uma indústria começa a realizar ela própria a atividade econômica de um fornecedor para diminuir custos e/ou obter ganhos de produtividade.



Imagem do videoclip oficial da música "Sta per arrivare il tempo" do álbum do cantor Giuradei, Picicca Dischi (2013)
E bancos são uma indústria poderosa demais para ser desprezada. A ameaça é potencial e grave para toda a indústria da Inteligência privada.
Sta Per Arrivare Il Tempo...

SOBRE O AUTOR







Marcelo de Montalvão é diretor da Montax Inteligência, empresa que auxilia departamentos jurídicos de bancos, seguradoras e escritórios de advocacia do Brasil e exterior na prevenção de riscos de negócios, busca de ativos e investigações de crimes financeiros.
É também autor de Inteligência & Indústria – Espionagem e Contraespionagem Corporativa, verdadeiro manual para Analistas de Inteligência, Detetives e profissionais de Inteligência Militar, Inteligência Competitiva (Empresarial), Compliance e Segurança corporativa.

Idealizador do e-book grátis Manual de Inteligência - Busca de Ativos & Investigações.

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