Brasília – O Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICGI, na sigla em inglês) divulgou neste domingo (8) documentos confidenciais sobre o ramo suíço do banco britânico HSBC, que revelam supostos esquemas bilionários de evasão fiscal .
A investigação, batizada "Swissleaks", revela documentos fornecidos por Hervé Falciani, ex-funcionário do HSBC em Genebra, ao jornal francês Le Monde e compartilhado com o consórcio e com 45 jornalistas de mais de 40 países.
As informações dizem respeito a contas no valor de mais de US$ 180 bilhões, englobando 106 mil clientes de 203 países. Boa parte deste dinheiro teria servido para fraudes fiscais, lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo internacional.
A relação de clientes foi entregue ao Le Monde por Hervé Falciani, técnico de informática italiano que trabalhava na filial suíça do HSBC. Ele repassou informações bancárias de milhares de clientes às autoridades francesas, que, então, compartilharam com outros países europeus.
As fraudes e os nomes dos envolvidos, batizados de "Lista Falciani", foram publicadas domingo por um consórcio de mais de 50 meios de comunicação, liderados pelo Le Monde.
Segundo o ICGI, a filial suíça do HSBC tem entre seus clientes, chefes de estado e políticos de governos como o da própria Grã-Bretanha, da Rússia, Ucrânia, Quênia, Índia, Lichtenstein, México, Líbano, Tunísia, Paraguai, Senegal, Argélia, Jordânia e Marrocos, entre outros. A lista inclui ainda tenistas, pilotos de corrida, jogadores de futebol, astros e estrelas da música e do cinema.
O documento, diz o ICGI, joga luz sobre a ligação entre negócios considerados lícitos e o crime organizado, além de ampliar suspeitas sobre o comportamento ético de um gigante do setor financeiro internacional.
Transformação
Depois de acusada de ajudar milhares de clientes a evitar o pagamento de impostos, o HSBC suíço disse em nota divulgada hoje (9) que tomará medidas para evitar fraudes e lavagem de dinheiro.
"O HSBC (da Suíça) realizou uma transformação radical para evitar que os seus serviços sejam utilizados para fraudar o fisco ou para a lavagem de dinheiro", disse o diretor-geral da filial, Franco Morra, no comunicado enviado à agência de notícias France Presse.
"O HSBC acolheu um certo número de clientes que não estavam totalmente de acordo com suas obrigações fiscais. A cultura de aceitação e os padrões de bom comportamento eram claramente mais baixos dos que os de hoje", admitiu o banco.
De acordo com Morra, a nova direção do banco fez uma análise profunda de todos os negócios, encerrando as contas que não correspondiam aos padrões da entidade.
O diretor-geral afirmou ainda que as práticas reveladas ontem "devem servir de alerta e lembrar a todos que este modelo dos bancos privados da Suíça não é mais aceitável."
Ônus da prova
De acordo com informações da agência Efe, a Suíça não abriu processos judiciais contra o HSBC e seus diretores. A instituição do país responsável por regular a atuação dos bancos também não tomou atitudes sobre o fato e nem mesmo solicitaram acesso às informações divulgadas.
A única ação sobre o caso na justiça suíça sobre o assunto é contra Falciani, acusado de espionagem financeira, de violar o sigilo bancário e o segredo comercial, e de apropriação indevida de dados dos clientes.
A Suíça pediu à Espanha a extradição de Falciani, onde ele tinha sido detido após uma ordem internacional de captura solicitada pelas autoridades do país. A Audiência Nacional da Espanha rejeitou a extradição argumentando que Falciani apenas revelou as ações ilegais do banco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.